Avançar para o conteúdo principal

Paulino denuncia magistrados e advogados serviçais do crime organizado


O procurador-geral da República denuncia a existência de procuradores, juízes e advogados que estão ao serviço dos criminosos. Augusto Paulino lançou este vigoroso alerta ontem, durante a tomada de posse de 18 novos magistrados do Ministério público para as procuradorias distritais.
Augusto Paulino advertiu os novos procuradores que, durante a jornada laboral, “encontrarão alguns colegas, felizmente poucos, entre procuradores, juízes e advogados, que são autênticos serviçais do crime organizado”, disse o também presidente do Conselho Superior da Magistratura do Ministério Público.
O procurador-geral referiu que os criminosos, na sua actuação, pautam pela “instrumentalização de alguns incautos, tais como, juízes, procuradores e advogados vulneráveis, transformando-os em verdadeiras marionetas da sua acção” e que “ há juízes que não podem arriscar a sua vida por causa de um processo; juízes que não marcam julgamento em processos prontos para tal, simplesmente, para que o decurso do tempo se encarregue de matá-los, ou ainda, juízes que devolvem, de forma delatória, processos ao Ministério Público para completar a instrução, como se eles não tivessem a prorrogativa legal de, oficiosamente, abrir e realizar a instrução contraditória”, disse Paulino.
Na sua descrição do modus operandi dos criminosos, Augusto Paulino disse ainda que há casos de “sumiço de processos com conivência de juízes, procuradores, advogados e funcionários dos cartórios, o que nos obriga a reconstituir, sistematicamente, determinados processos, com a consequente perda de tempo por realização de inquéritos para apurar as causas e ciscustâncias do desaparecimento do processo original, bem assim, a consequente soltura de reclusos suficientemente indiciáveis por ausência de objecto que suporte o processo”.
Mais: Augusto Paulino denuncia também que os magistrados são manipulados por criminosos fazendo com que haja “retardamento de despecho ou permanência inusitada de processos nos gabinetes de juízes e procuradores, meses a fio, sem despacho, para ganhar tempo para as manobras programadas pelo crime organizado, nomeadamente, a transferência de valores, a fuga do país, o despiste dos elementos de prova”
O procurador-geral da República referiu também que os agentes do crime organizado  apostam também na “intimidação ostensiva com recurso a chamadas em números privados” bem como sofisticaram os procedimentos “informais de circulação de dinheiro ou de outras vantagens patrimoniais, com o fim de dificultar, no máximo, a investigação do que, aparentemente, parece tão óbvio, para qualquer mortal comum”.
Tipificadas as formas de manifestação do crime organizado, o procurador-geral da República apelou aos empossados para que se juntem “aos colegas bons” para “dar continuidade à batalha titânica que estamos a travar contra o crime. Impõe-se, igualmente, que prestem atenção, não só da vossa conduta como procuradores, como a dos outros, na vossa qualidade de fiscalizadores da lei, nomeadamente, a acção dos juízes, dos advogados e da polícia.”

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Rusga na Colombia ( Bairro da Coop).

Um contingente policial fortemente armado e acompanhado de cães farejadores invadiu o bairro da Coop, cidade de Maputo, na tarde de ontem, à procura de vendedores de droga. A rusga policial incidiu sobre uma zona vulgarmente conhecida por “Colômbia”, que tem um histórico de venda e consumo de drogas. Fala-se de dezenas de agentes da polícia de choque que entravam de casa em casa, na tentativa de encontrar o que justificasse aquela operação que durou cerca de duas horas. “Entraram no meu quarto, vasculharam de qualquer maneira e deixaram as minhas coisas no chão. Os meus netos estavam a almoçar. Deitaram a comida e aqueles cães começaram a cheirar a comida”, descreveu Fátima Matono, dona de uma das casas invadidas.

Momade Bachir Sulemane liberto

Ao fim de 38 dias de cativeiro, o empresário Momade Bachir regressou, no passado sábado, ao convívio familiar, no culminar de um sequestro que ainda tem muitos contornos por esclarecer. Era cerca das 12h30 de sábado quando o empresário Momade Bachir Sulemane, que há pouco mais de um mês se tornou um dos sequestrados mais famosos do país, chegou à 18ª esquadra da PRM, na cidade do Maputo, escoltado por agentes da Polícia, alguns uniformizados e outros à paisana, num regresso que, segundo o empresário, não houve pagamento para o) resgate. Em declarações à imprensa que pacientemente aguardou pela sua chegada à 18ª esquadra, Bachir disse que durante os 38 dias em que esteve sequestrado passou por três cativeiros, no distrito da Macia, província de Gaza, sempre sob guarnição de quatro indivíduos, alguns dos quais de nacionalidade sul-africana e zimbabweana. “Além de me maltratar, não me davam alimentação”, disse Bachir a jornalistas, durante o breve contacto na 18ª esquadra, ao c...

Tribunal Judicial de Quelimane indefere recurso da Renamo

O Tribunal Judicial de Quelimane, na província da Zambézia, indeferiu na passada sexta-feira (dia 24) o Recurso de Contencioso Eleitoral interposto pela Renamo no passado dia 21 de Outubro, um dia após o anúncio dos resultados nas eleições presidenciais, legislativas e para as Assembleias Provinciais. A Renamo exigia a neutralização de boletins de votos preenchidos a favor da Frelimo e do seu candidato presidencial, Filipe Nyusi, e reclamava contra a abertura tardia de algumas mesas de votação. Reclamava também contra a viciação de editais e actas, contra a interferência da Polícia no processo e contra o desaparecimento de 39 editais e actas referentes a mais de 31 mil eleitores. As reclamações da Renamo não foram suficientes para convencer o tribunal. No seu despacho, o tribunal considera que a Renamo submeteu tarde o seu recurso. Segundo o tribunal, as reclamações deviam ser apresentadas pelos mandatários de imediato, durante o apuramento, e não após o anúncio dos resultados. ...