A Costa do Marfim mergulhou numa crise depois que o Conselho Constitucional proclamou a vitória de Gbagbo nas eleições de 28 de novembro, que, segundo a comissão eleitoral e a ONU, foi vencida por Alassane Ouattara. Durante a madrugada deste sábado, duas pessoas morreram aparentemente por disparos das forças de segurança num bairro popular da capital Abidjan, onde partidários de Gagbo e de seu adversário Alassane Ouattara se enfrentam em função da crise desatada por divergências eleitorais.
No poder desde 2000, Laurent Gbagbo foi reeleito presidente com 51,45% dos votos, contra 48,55% de seu rival, segundo resultados definitivos do segundo turno anunciados pelo presidente do Conselho, Paul Yao N'Dré, para a imprensa. O Conselho Constitucional, liderado por um amigo do chefe de Estado, invalidou os resultados provisórios divulgados na quinta-feira pela Comissão Eleitoral Independente (CEI), que dava ao ex-primeiro-ministro Alassane Ouattara uma ampla vitória, por 54,1% contra 45,9%. Isso foi feito "anulando" os votos em sete departamentos do norte, sob o controle do ex-movimento rebelde Forças Novas (FN) desde o golpe fracassado de 2002, e onde, segundo o grupo de Gbagbo, as eleições foram "fraudulentas".
O representante das Nações Unidas na Costa do Marfim, Youn-jin Choi, ameaçado de expulsão do país, se opôs à vitória anunciada de Laurent Gbagbo. Antes do anúncio dos resultados definitivos, a chapa de Ouattara alertou para um "golpe" de Gbagbo, rejeitando de antemão os anúncios do Conselho. A ONU e as principais missões de observação internacionais consideraram que as eleições foram conduzidas de forma adequada, apesar dos incidentes às vezes violentos.
Eleito em 2000, num pleito controverso do qual foram excluídos o ex-presidente Henri Konan Bédié e Alassane Ouattara, Laurent Gbagbo permaneceu no poder em 2005 após o fim do seu mandato, ao invocar a crise decorrente da divisão do país. As eleições chegaram a ser adiadas em diversas ocasiões. Com isto, a Costa do Marfim passou a contar com dois presidentes: Gbagbo, com o apoio do Exército e o controle da televisão, e Outtara, com o suporte da comunidade internacional.
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