Depois de uma década a crescer em média acima de 4%, as perspetivas para a África subsariana continuam fortes. Num relatório divulgado hoje, o Banco Mundial espera que os mais de 40 países a sul do Saara cresçam no total 4,9%, ligeiramente mais do que no ano passado. Um crescimento considerado robusto, apesar das fracas expectativas para a economia global, que deve continuar pelo menos até 2015. E as contas até podiam melhorar para os 6% se fosse descontado o desempenho da África do Sul, a maior economia da região.
Há diversas razões para o crescimento, sobretudo o aumento do consumo, um fluxo constante de remessas de emigrantes, preços elevados das matérias-primas, mais exportações e mais investimento direto estrangeiro. Investimento que é sobretudo canalizado para as indústrias extrativas, mas também, cada vez mais, para a construção, os transportes, a eletricidade e as telecomunicações. O economista Alexandre Abreu afirma que se tem verificado desde o início deste século uma inversão da tendência que apontava para um continente perdido.
Em muitos países, o crescimento está a ser estimulado por novas descobertas de matérias-primas, como é o caso de Mocambique, Serra Leoa ou Gana. O Banco Mundial antevê para estas economias crescimentos ainda mais fortes nos próximos anos. Noutros casos, não há dependência de recursos minerais. Países como a Etiopia apostam na exportação de energia, na modernização da agricultura e na atração de investimento estrangeiro, ou, como é o caso do Ruanda, na construção e nos serviços.
No total, há hoje na região 21 países considerados de rendimento médio, mais do dobro de há uma década. Mas, ainda assim, não faltam riscos. A economia chinesa, que em muitos casos compra metade das matérias-primas exportadas por países africanos, pode eventualmente abrandar; as crises do euro e da dívida americana podem agravar-se; e há que contar, por exemplo, com instabilidade política nalguns países. Todos estes fatores podem, de acordo com o Banco Mundial, travar as ambições africanas.
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