Avançar para o conteúdo principal

BURKINA FASO - Exército dissolve Governo e Parlamento


Na sequência da insurreição popular de quinta-feira, o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas do Burkina Faso, general Honoré Nabéré Traoré, suspendeu a Constituição do país e dissolveu o Governo e a Assembleia Nacional.
Numa declaração, o general apresenta às vítimas mortais dos confrontos que se seguiram as suas 'sentidas condolências' e deseja aos feridos um pronto restabelecimento, em alusão às cerca de 60 pessoas mortas e uma centena de outras feridas durante manifestações populares.
Foi decretado um estado de sítio e um recolher obrigatório das 19:00 às 06:00 horas locais 'para evitar o agravamento e a deterioração da situação política nacional'.
Cenas de saque e actos de vandalismo foram perpetrados quinta-feira até à noite, na capital burkinabe, Ouagadougou, enquanto se sucediam comunicados que os observadores descreveam como 'não só lacónicos como também contraditórios'.
Segundo a declaração da chefia militar, a Presidência do Burkina Faso será assumida pelo general reformado Kwamé Lougué e a primatura pelo líder da oposição, Zéphirin Diabré, durante um período não superior a 12 meses no termo do qual serão organizadas, em simultâneo, 'eleições presidenciais e legislativas livres, transparentes e democráticas'.
A declaração apela para o 'sentido elevado de patriotismo e paz', não apenas das forças de defesa e segurança, mas também dos elementos da segurança presidencial 'a fim de que juntos, a defesa da integridade dos bens e das pessoas seja garantida'.
Instando todos os seus compatriotas a manter a calma e a serenidade necessárias nesta 'transição pacífica', o general promete na sua declaração dirigir-se ao povo logo que a evolução da situação o exigir.
'É uma confusão artística que reina no Burkina Faso desde a insurreição popular do dia já que ninguém sabe quem administra o país. Os diferentes comunicados não foram autenticados', afirmam ainda os mesmos observadores.
Estes prognosticam que o dia desta sexta-feira 'será decisivo', pois as associações da sociedade civil e os partidos políticos, que consideram que a sua luta foi recuperada pelas autoridades do poder, apelaram para uma nova marcha dos manifestantes. 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Rusga na Colombia ( Bairro da Coop).

Um contingente policial fortemente armado e acompanhado de cães farejadores invadiu o bairro da Coop, cidade de Maputo, na tarde de ontem, à procura de vendedores de droga. A rusga policial incidiu sobre uma zona vulgarmente conhecida por “Colômbia”, que tem um histórico de venda e consumo de drogas. Fala-se de dezenas de agentes da polícia de choque que entravam de casa em casa, na tentativa de encontrar o que justificasse aquela operação que durou cerca de duas horas. “Entraram no meu quarto, vasculharam de qualquer maneira e deixaram as minhas coisas no chão. Os meus netos estavam a almoçar. Deitaram a comida e aqueles cães começaram a cheirar a comida”, descreveu Fátima Matono, dona de uma das casas invadidas.

Momade Bachir Sulemane liberto

Ao fim de 38 dias de cativeiro, o empresário Momade Bachir regressou, no passado sábado, ao convívio familiar, no culminar de um sequestro que ainda tem muitos contornos por esclarecer. Era cerca das 12h30 de sábado quando o empresário Momade Bachir Sulemane, que há pouco mais de um mês se tornou um dos sequestrados mais famosos do país, chegou à 18ª esquadra da PRM, na cidade do Maputo, escoltado por agentes da Polícia, alguns uniformizados e outros à paisana, num regresso que, segundo o empresário, não houve pagamento para o) resgate. Em declarações à imprensa que pacientemente aguardou pela sua chegada à 18ª esquadra, Bachir disse que durante os 38 dias em que esteve sequestrado passou por três cativeiros, no distrito da Macia, província de Gaza, sempre sob guarnição de quatro indivíduos, alguns dos quais de nacionalidade sul-africana e zimbabweana. “Além de me maltratar, não me davam alimentação”, disse Bachir a jornalistas, durante o breve contacto na 18ª esquadra, ao c...

Este é o ano mais trágico para emigrantes

  Pelo menos 8.565 pessoas morreram em 2023 a percorrer as rotas migratórias mundiais, tornando o ano passado no mais mortal já registado, avançou hoje o Projeto Migrantes Desaparecidos da Organização Internacional para as Migrações (OIM). O número de mortos em 2023 representa um aumento de 20% em relação a 2022, adianta a organização, sublinhando, em comunicado hoje divulgado, a "necessidade urgente de medidas para evitar mais perdas de vidas". O total do ano passado ultrapassa o recorde de mortos e desaparecidos a nível mundial que tinha sido registado em 2016, quando 8.084 pessoas morreram durante a migração. A travessia do Mediterrâneo continua a ser a rota mais mortal para migrantes, com pelo menos 3.129 mortes e desaparecidos, o que constitui o número de vítimas mortais mais elevado da região desde 2017. Mas a OIM também registou, em 2023, números sem precedentes de mortes de migrantes em África (1.866) e na Ásia (2.138). Em África, a maioria destas mortes aconteceu no ...