O exército sul-coreano disparou dezenas de
obuses para o território norte-coreano esta quinta-feira, em resposta a
projécteis lançados antes por Pyongyang. Segundo o Governo de Seul, o exército
do Norte quis atingir os altifalantes de propaganda anti-regime que o Sul
instalou do seu lado da fronteira, voltados para lá do paralelo 38.
A Coreia do Norte não respondeu militarmente aos obuses do Sul, mas, horas
depois da breve troca de disparos, Pyongyang fez um ultimato ao vizinho: se não
interromper as emissões anti-regime na fronteira, o Norte voltará a tomar
medidas militares. Isto apesar de o regime estar disposto a “ter abertura para
resolver o conflito”, de acordo com o Ministério da Defesa de Seul. A Coreia do
Sul recusou já terminar as emissões.
Seul
aumentou o alerta do seu exército para o nível mais elevado. “As nossas forças
armadas intensificaram a sua monitorização e estão a vigiar atentamente os
movimentos do exército norte-coreano”, disse o ministro da Defesa da Coreia do
Sul, citado pela Reuters. A Presidente sul-coreana, Park Geun-hye, disse às
altas patentes do exército para "reagirem com firmeza” a qualquer
provocação de Pyongyang.
O
primeiro disparo vindo do Norte utilizou uma munição de 14,5 milímetros,
antiaérea, e foi seguida de vários tiros de artilharia de 76,2 milímetros,
perto de vinte minutos depois. O exército sul-coreano disparou dezenas de balas
de calibre 155 contra aquilo que estimou ser o local de lançamento do ataque
norte-coreano. Nenhum dos ataques fez feridos ou danos graves, embora o Governo
sul-coreano tenha ordenado a saída de cerca de 100 pessoas de uma área
residencial próxima da zona ocidental da fronteira.
A
Coreia do Sul retomou as emissões de mensagem anti-regime no dia 10 de Agosto,
algo que não fazia desde 2004. As emissões são uma retaliação do Sul à
explosão, no início do mês, de uma mina na zona desmilitarizada que divide os
dois países. Dois soldados sul-coreanos ficaram feridos e, apesar de o Norte
recusar responsabilidade, Seul acusa-o de ter plantado a mina. Pyongyang diz
que as emissões equivalem a uma declaração de guerra e, também em retaliação,
retomou as suas próprias mensagens de propaganda voltadas para o Sul da
fronteira dois dias depois de o seu vizinho o fazer.
Há
mais uma razão para as tensões renovadas entre Norte e Sul. Segunda-feira foi o
primeiro dia de novos exercícios militares dos exércitos norte-americano e
sul-coreano, que periodicamente ensaiam cenários de uma invasão vinda do Norte.
Pyongyang diz que os exercícios são um acto de guerra e que visam preparar um
ataque no seu território. Na semana passada, o regime exigiu que os exercícios
não fossem por diante e ameaçou com “o mais forte contra-ataque militar” em
caso de incumprimento.
A
Coreia do Norte lança frequentemente pequenos ataques ao exército sul-coreano,
especialmente em períodos de exercícios militares. Mas respostas armadas do Sul
são mais raras. A última troca de tiros entre os dois países aconteceu em
Outubro, novamente sem vítimas. Soldados do Norte aproximaram-se então da zona
desmilitarizada e iniciaram uma pequena troca de tiros como resposta aos disparos
de alerta lançados pelo exército sul-coreano.
A
explosão da mina na fronteira no início do mês, que mutilou os dois soldados
sul-coreanos, fez com que Seul alterasse as suas regras de ataque. Os seus
soldados deixaram de ter de disparar tiros de aviso caso avistem militares do
Norte dentro da zona desmilitarizada.
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