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Seiscentos setenta e um agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) na cidade de Maputo expulsos.

SEISCENTOS setenta e um agentes afectos ao Comando da Polícia da República de Moçambique (PRM) na cidade de Maputo foram expulsos das fileiras nos últimos cinco anos por indisciplina e envolvimento em actos criminais.

Entre os infractores, dezassete foram afastados da corporação por alegada participação em raptos e sequestros.

Os dados foram apresentados ontem, em Maputo, pela Direcção da PRM na capital, como mote para justificar a introdução de um novo modelo de selecção e recrutamento de candidatos a ingresso na corporação.

A ideia, segundo dados apurados pela nossa Reportagem, é interditar a entrada para a Polícia de indivíduos com tendência criminosa.

Reconhecendo haver falhas no processo de selecção e recrutamento dos candidatos a membros da PRM, o Comando-Geral decidiu operar mudanças no processo e introduzir novas medidas que vigoram desde ontem, tendo a cidade de Maputo sido palco do primeiro seminário para a disseminação do novo regulamento.

Os 17 agentes expulsos da corporação foram detidos e responsabilizados criminalmente pelo seu envolvimento nos raptos (12) e sequestros (5), estando muitos a cumprir pena máxima. Os cinco casos de sequestros com a participação dos polícias foram reportados todos em 2014. Em 2013 e 2014 foram contabilizados quatro casos cada de envolvimento de polícias em raptos, tendo em 2012 sido reportados dois casos.  

O total de agentes expulsos refere-se ao período desde 2011 e o primeiro semestre deste ano, sendo que 249 foram por envolvimento em casos criminais e 422 por infracções disciplinares. Ao todo, em 2011 foram reportados 90 casos; em 2012 110. Em 2013 os números subiram para 142, em 2014 continuaram a disparar, tendo sido contabilizados 229 e no primeiro semestre deste ano foram contabilizados 100 casos de infracções disciplinares e criminais.

Em termos de crimes os 671 agentes foram expulsos por extorsão (75), roubo (53), furto qualificado e simples (16), homicídio voluntário e involuntário (13), ameaça com recurso a arma de fogo (1), injúrias (6), extravio de arma (11), violação sexual (1), abuso de autoridade (5) e ofensas corporais (9). Foram ainda expulsos por crimes de cárcere privado (1), abandono de lugar (58), burla (21), abandono de posto (127), suborno (3), retirada de presos (16), faltas ao serviço (72), desvio de bens apreendidos (10), extravio de processos criminais (6), simulação de rapto (1), diligências ilegais (9), consumo de bebidas alcoólicas (22), negligência (3), desobediência (20), entre outros crimes e irregularidades.

Para o comandante da PRM na cidade de Maputo, Bernardino Rafael, acredita-se que com a implementação efectiva das novas regras de selecção e recrutamento casos do género e outros não terão espaço. Segundo ele, os infiltrados e os cidadãos com tendências criminais serão filtrados com o novo processo, facto visto como determinante para mudar a imagem da corporação.

“Queremos que com o novo processo possamos impedir que pessoas entrem para a PRM para se suportar do uniforme para o cometimento de crimes. Não admitiremos criminosos. Vamos recolher informações sobre o comportamento do candidato e daremos o devido acompanhamento. O sistema falhou no recrutamento dos 671 agentes expulsos mas, por outro lado, o próprio sistema se encarregou de corrigir e os expulsou. Foram nocivos à organização e foram expulsos. Muitos estão a cumprir penas de prisão. Desta vez queremos atingir a célula, ou seja, a base onde vive o candidato a polícia. O secretário do bairro, o chefe das 10 casas, os vizinhos do candidato e a própria família serão chamados a se pronunciar sobre quem queira entrar na corporação”, garantiu o comandante da cidade.

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