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Arbitragem vai " dar cabo" do nosso futebol


 O Incomáti de Xinavane está em processo de desistência do Moçambola 2021 por considerar estar a ser prejudicado pela arbitragem moçambicana. A decisão, que será comunicada às instâncias desportivas nos próximos dias, foi tomada no final do jogo diante da Black Bulls, em que a equipa perdeu por uma bola sem resposta.

Um lance de grande penalidade que deixa muitas dúvidas, com o árbitro a considerar que houve infracção do defesa “açucareiro” e, por isso o castigo máximo. Os jogadores e treinadores do Incomáti, bem como alguns jornalistas presentes, não concordaram com a grande penalidade, que foi superiormente cobrada por Ejaita, e deu a vitória e a invencibilidade dos “touros” ao fim da primeira volta.

A direcçao do clube do canavial considera que não é a primeira vez que o clube é prejudicado pela equipa de arbitragem e a solução encontrada foi desistir de disputar o Moçambola 2021, como forma de alertar a situações similares.

Esta informação foi dada a conhecer pelo porta-voz da colectividade, Arnaldo Cumbe. “Confirmo que o Incomáti de Xinavane tem a pretensão de desistir do Moçambola e a razão principal para esta decisão são as inúmeras vezes que a equipa tem sido prejudicada pelos juízes”, começou por dizer Arnaldo Cumbe, salientado que no início da prova traçaram os objectivos que não estão a ser alcançados pela acção dos árbitros.

Sentindo-se constantemente prejudicados, segundo Cumbe, “achamos que a solução é desistir do Moçambola, não porque os resultados não estão a aparecer e nem porque não estamos a criar condições para que apareçam, mas porque estamos a ser prejudicados por pessoas com suas agendas privadas e acabam criando esta situação toda”, esclareceu os motivos da decisão.

 

PESSOAS COM “SUAS AGENDAS” OBRIGARAM A TOMADA DESTA DECISÃO

Aliás, de acordo com Arnaldo Cumbe “estamos a jogar onde existem tantas pessoas com as suas agendas e que não vão de encontro com o melhoramento do futebol moçambicano”, daí a decisão da desistência no Moçambola.

Ciente das consequências que virão desta decisão, a colectividade diz que vai continuar a trabalhar para o jogo de sábado, na Soalpo, diante do Textáfrica, enquanto termina o processo de desistência.

Arnaldo Cumbe diz que “esta é uma situação que nos está sendo obrigada a tomar”, tendo em conta que é uma situação que prevalece. “Já fizemos várias reclamações, ainda que nem todas por escrito, mas a situação é tão desgastante que tomamos a decisão e vamos assumir a responsabilidade e vamos avante”, garantiu o porta-voz dos “açucareiros” de Xinavane.

Relativamente aos contratos dos técnicos e jogadores dos “açucareiros”, todo processo será tratado internamente, para que nenhuma das partes saia prejudicada. A garantia é do próprio Arnaldo Cumbe que diz que “da mesma maneira que tivemos os contratos com eles, eles também sentem essa pressão, sentem essa imparcialidade que estão a sofrer e também concordam com a nossa decisão. Por isso vamos sentar com eles e vamos tomar a decisão que não prejudica nem a eles e nem a nós”, ou seja, será uma decisão a ser tomada ao nível do clube.

 

“AÇUCAREIROS” AINDA VÃO JOGAR ATÉ A DECISÃO FINAL

Entretanto, esta pretensão do Incomáti de Xinavane não significa que a desistência é imediata, até porque “nós ainda estamos a tomar as devidas decisões internas. Temos o nosso patrocinador que temos que auscultar e há um longo processo que temos que seguir para a conclusão do processo”, reconhece Arnaldo Cumba que acrescenta que “por isso não posso dizer que não iremos jogar no sábado porque também conhecemos as regras, as políticas e os procedimentos”

Antes de parar de jogar, a direcção vai se reunir novamente para a decisão final que vai culminar com a desistência no campeonato nacional de futebol. “Depois da reunião da direcção vamos comunicar o que se terá decidido. É que nós não estamos a dizer que já desistimos, estamos a dizer que temos essa pretensão, por enquanto, porque este é um processo que envolve muitas entidades, como a Comissão Nacional dos Árbitros de Futebol, a Liga Moçambicana de Futebol, a Federação Moçambicana de Futebol e os nossos patrocinadores”, esclarece o porta-voz da colectividade que representa a província de Maputo no Moçambola 2021.

Arnaldo Cumbe diz que a decisão é mesmo para reverter o actual cenário do futebol moçambicano, que considera medíocre e de baixo nível. “Não podemos continuar a praticar um futebol que prejudica muitas pessoas e que vai prejudicar incluindo o país todo, porque depois vamos as competições internacionais e não conseguimos bons resultados por causa disto mesmo, porque estamos a praticar um futebol medíocre e o estamos a fomentar um nível de futebol muito baixo em Moçambique onde existe um grupo de elite que decide como o futebol deve ser. Por isso dizemos basta!”, sentencia Cumbe que termina dizendo que “o nosso futebol precisa de uma reinvenção”.

A procissão ainda vai ao adro e muita água ainda vai rolar debaixo da ponte do canavial. O Incomáti de Xinavane ocupa, ao fecho da primeira volta, a 9ª posição, com 13 pontos, frutos de três vitórias, quatro empates e seis derrotas.

( Fonte : O País). 

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