Avançar para o conteúdo principal

Chissano defende que “lusofonia é útil, mas não pode sufocar culturas dos povos”

O antigo estadista moçambicano, Joaquim Chissano, diz que “a lusofonia é ‘uma utopia útil’, que assenta numa língua comum, mas não pode ‘sufocar’ as culturas dos povos” dos países que a partilham. Foram muitas as dúvidas e provocações que Joaquim Chissano deixou numa das conferências que assinala os 40 anos do semanário Expresso, que ontem decorrem no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, em Portugal. Sem arriscar dizer que um dia a lusofonia poderá deixar de ser utopia, Chissano questionou o termo e o conceito, falando na “inculturação” do espaço lusófono “por um dos povos”. Aliás, disse, “em Portugal, não se encontram as culturas” dos outros designados países lusófonos, são “visitantes” apenas. Ou seja, o conceito de lusofonia pode significar uma “exclusão da diversidade”, realçou. Segundo Joaquim Chissano, os “maiores desafios” são “como usar para interesse comum as capacidades de todos” e, antes disso, “definir o que é o interesse comum”. Ainda de acordo com o antigo estadista moçambicano, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) foi a “expressão política” de uma vontade de união, mas os seus membros precisam de chegar ainda a acordo sobre “uma mesma perspectiva”. Em conclusão, Chissano entende que se a lusofonia “é um espaço cultural, tem ainda muito caminho por andar”. “O que nos una não é a língua, mas o que decidirmos fazer com ela”, concluiu.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Rusga na Colombia ( Bairro da Coop).

Um contingente policial fortemente armado e acompanhado de cães farejadores invadiu o bairro da Coop, cidade de Maputo, na tarde de ontem, à procura de vendedores de droga. A rusga policial incidiu sobre uma zona vulgarmente conhecida por “Colômbia”, que tem um histórico de venda e consumo de drogas. Fala-se de dezenas de agentes da polícia de choque que entravam de casa em casa, na tentativa de encontrar o que justificasse aquela operação que durou cerca de duas horas. “Entraram no meu quarto, vasculharam de qualquer maneira e deixaram as minhas coisas no chão. Os meus netos estavam a almoçar. Deitaram a comida e aqueles cães começaram a cheirar a comida”, descreveu Fátima Matono, dona de uma das casas invadidas.

Momade Bachir Sulemane liberto

Ao fim de 38 dias de cativeiro, o empresário Momade Bachir regressou, no passado sábado, ao convívio familiar, no culminar de um sequestro que ainda tem muitos contornos por esclarecer. Era cerca das 12h30 de sábado quando o empresário Momade Bachir Sulemane, que há pouco mais de um mês se tornou um dos sequestrados mais famosos do país, chegou à 18ª esquadra da PRM, na cidade do Maputo, escoltado por agentes da Polícia, alguns uniformizados e outros à paisana, num regresso que, segundo o empresário, não houve pagamento para o) resgate. Em declarações à imprensa que pacientemente aguardou pela sua chegada à 18ª esquadra, Bachir disse que durante os 38 dias em que esteve sequestrado passou por três cativeiros, no distrito da Macia, província de Gaza, sempre sob guarnição de quatro indivíduos, alguns dos quais de nacionalidade sul-africana e zimbabweana. “Além de me maltratar, não me davam alimentação”, disse Bachir a jornalistas, durante o breve contacto na 18ª esquadra, ao c...

Este é o ano mais trágico para emigrantes

  Pelo menos 8.565 pessoas morreram em 2023 a percorrer as rotas migratórias mundiais, tornando o ano passado no mais mortal já registado, avançou hoje o Projeto Migrantes Desaparecidos da Organização Internacional para as Migrações (OIM). O número de mortos em 2023 representa um aumento de 20% em relação a 2022, adianta a organização, sublinhando, em comunicado hoje divulgado, a "necessidade urgente de medidas para evitar mais perdas de vidas". O total do ano passado ultrapassa o recorde de mortos e desaparecidos a nível mundial que tinha sido registado em 2016, quando 8.084 pessoas morreram durante a migração. A travessia do Mediterrâneo continua a ser a rota mais mortal para migrantes, com pelo menos 3.129 mortes e desaparecidos, o que constitui o número de vítimas mortais mais elevado da região desde 2017. Mas a OIM também registou, em 2023, números sem precedentes de mortes de migrantes em África (1.866) e na Ásia (2.138). Em África, a maioria destas mortes aconteceu no ...